A atriz Fernanda Torres falou sobre os desafios de interpretar a advogada Eunice Paiva no filme “Ainda Estou Aqui”, em entrevista à CNN, e disse que “nunca tinha trabalhado assim”.
“Normalmente, como atriz, você quer demonstrar emoções e, no caso da Eunice, você tem que contê-las”, declarou Torres, em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN. “O poder disso é que o público fica sentado na beirada da cadeira, tipo: ‘Por favor, faça alguma coisa’.”
Segundo ela, isso faz com que o público sinta todas as emoções à flor da pele que Eunice não pode expressar na tela: “Você não está sentindo e mostrando a eles, eles estão sentindo por você.”
“Eunice tem cinco filhos. Então, ela não pode sentar e chorar, ela não pode… Ela não tem permissão para isso”, acrescentou Torres. “A única maneira para que ela siga em frente, crie aqueles filhos e salve a inocência deles, é simplesmente dizer ‘sorriam e sigam em frente’.”
Uma das maiores preocupações da atriz brasileira foi retratar a dor de Eunice de maneira digna, sem fazer com que a tragédia que abateu sua família se transformasse em um melodrama barato. “Eu estava tentando ser fiel a ela, não fazendo da vida dela um melodrama. Isso é algo que eu e Walter dissemos, que tínhamos que ser fiéis à dignidade dela”, explicou.
Baseado no livro de mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história real da família do escritor quando seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva, foi levado pelo regime durante a Ditadura Militar.
A partir deste momento, é Eunice Paiva quem assume o protagonismo enquanto tenta descobrir o paradeiro do marido e continua cuidando dos filhos. Eunice se tornou um dos maiores símbolos de luta dos familiares dos desaparecidos durante o regime militar no Brasil, ela se formou advogada e fez carreira como defensora dos direitos das comunidades indígenas no país.
“Ainda Estou Aqui” concorre ao Oscar 2025 em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. A premiação acontece em 2 de março.
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