Com bocas cobertas por adesivos e correntes amarradas nas mãos, parlamentares de oposição já ocupam por 24 horas as mesas diretoras da Câmara e do Senado em protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os parlamentares ainda fizeram refeições e tiveram momentos de oração nos plenários das Casas legislativas.
A ação, que também tem como objetivo promover o avanço da proposta de anistia aos condenados do 8 de janeiro e o impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, acabou obstruindo os trabalhos legislativos e impedindo que a ordem do dia aconteça.
A exceção foi para as audiências públicas, que não precisam de quórum, ou seja, um número mínimo de deputados e senadores.
O movimento acontece desde a última terça-feira (5), quando os políticos anunciaram que as atividades seriam obstruídas — e que passariam a noite no Congresso.
Durante o dia, deputados e senadores compartilharam nas redes sociais a “rotina” dentro das Casas. Vídeos publicados no Instagram mostram o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) dormindo debaixo da mesa diretora.
Outro mostra senadores sentados na mesa com correntes amarradas nas mãos, conversando uns com os outros. Alguns fizeram vídeos na tribuna, local de discurso do plenário, com esparadrapos colados nas bocas, indicando que sofrem uma “censura” por parte do STF.
Ao longo do dia, o senador Marcos do Val retornou ao Senado e exibiu sua tornozeleira eletrônica. A medida foi imposta pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes. O parlamentar permaneceu com um adesivo sobre a boca enquanto colegas de parlamento deram uma entrevista coletiva.
A federação União Progressista, composta pelo União Brasil e PP (Progressistas), orientou que as bancadas não registrassem presença em plenário. Em nota, o grupo classifica como “legítimo o movimento de obstrução feito pela oposição”.
Noite no Congresso
Os parlamentares se revezaram para ocupar as mesas diretoras de ambas as Casas durante a madrugada como forma de protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, imposta na última segunda-feira (4)
Durante a madrugada desta quarta-feira (6), os políticos organizaram uma escala noturna para ocupar as mesas diretoras de ambas as Casas.
“Nós estamos começando agora uma ação na Câmara e no Senado, ocupando as duas mesas diretoras, e não sairemos de ambas as mesas até que os presidentes das duas Casas se reúnam para buscarmos resolver um problema de soberania nacional”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, em vídeo publicado nas redes sociais.
No Senado, o revezamento foi feito por mais de dez congressistas. Cada um deles permaneceu no plenário por cerca de duas horas.
Líderes das Casas
As medidas fazem parte do chamado “pacote da paz”, anunciado por integrantes da oposição nesta terça durante declaração a jornalistas na rampa do Congresso.
Ainda na tarde de hoje, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou reunião de líderes para debater a situação.
“Vamos passar o dia hoje fazendo conversas com os líderes e mais tarde reunir o colegiado. Só isso. A gente vai avaliar, vamos conversar o dia inteiro hoje”, disse Hugo após a participação no Fórum Saúde do Instituto Esfera Brasil.